domingo, 23 de novembro de 2008

sem título

dores que doem mais do que dão prazer e os
raios solares a aquecer a alma, perdida, mas a
queimar os olhos, doridos, sem cor.
sei de cor esta história. dedos de prata, altivos,
sem força para pressionar as teclas do piano e os
dentes a apodrecerem, sem cair, para não nos esquecermos
deles. não suporto isto.

domingo, 9 de novembro de 2008

sem título


desfolhando revistas como folhas que caem
das árvores no outono amarelo.
sinais de fumo com pastilhas elásticas,
já sem sabor.
cheiros a podridão,
e a cola
sem infância.
(imagem por Puto do Farrobo)

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

vou-me lembrando de me esquecer

vou-me lembrando de me esquecer
de aviões de tectos broncos,
de riscas e azuis,
de saltos altos,
sempre sozinhos,
amanhã.

vou-me lembrando de me esquecer
de salas abertas mas vazias,
de cadeiras cinzentas imóveis,
de cadáveres vivos,
sempre acompanhados,
hoje.

vou-me lembrando de me esquecer
que amanhã é igual a hoje,
comigo sempre na memória,
que agora escasseia;
sem esquecer,
ontem.