quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

no teu quarto

no teu quarto
prefiro.

no teu quarto
prefiro.

no teu quarto
prefiro.

no teu quarto
prefiro.

no teu quarto
prefiro.

no teu quarto
prefiro.

no teu quarto
não existo.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

sem título

telhados brancos
de plástico,
resistentes
como novembro.

sem julgamentos,
sem conclusões,
tropeçamos
em pegadas exageradas.

rancor,
tampas vermelhas
em água,
pesada.

sem conclusões,
sem julgamentos,
tropeçamos
em pegadas exageradas.

toques
não sentidos,
como parte
da vida.

sem julgamentos,
sem conclusões,
tropeçamos
em pegadas exageradas.

o medo,
sem, medo
cheio
a meio.

sem conclusões,
sem julgamentos
tropeçamos,
apenas.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

lugares vazios

copos partidos,
copos vazios
sem parar,
sem parar.

é assim que começa,
é assim que vemos
nunca acaba,
nunca acaba.

mais cinzento,
muito mais
vazio rápido,
vazio rápido.

sem bateria,
sem baterias
exércitos moribundos,
exércitos moribundos.

arrasados,
de volta
sem atraso,
sem atraso.

é assim que acaba,
é assim que vemos
nunca começa,
nunca começa.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

a sereia

o peixe foi ao mercado e perguntou à peixeira:
"quantos primos meus tens à venda?"
a peixeira, envergonhada, baixou a cabeça e foi para casa a chorar.
no dia seguinte, despediu-se e lançou-se ao mar.
quando acordou, era uma sereia.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

os dias inteiros

(como um título e um
par de linhas espezinham
uma manhã cheia)

buscamos, incessantemente,
os dias.
inteiros.

queremos os dias.
sem títulos,
com linhas vazias

queremos as manhãs.
de luz cega
sem a cegueira

dos dias.
buscamos, incessantemente,
os dias.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

sem título

não consigo deixar de sentir o teu cheiro.

sábado, 4 de julho de 2009

sem título

entre as revoluções selvagens, que se arrastam, não podemos mudar, não
podemos esmorecer, somos todos metade das pessoas que nunca chegámos a ser.

não nos vamos conseguir lembrar, nunca nunca. como hoje? como? como
qualquer coisa cor-de-rosa que fala de aquários e de peixes com mais
memória passados que foram os anos que acabaram por ficar. algures. como
não sei.

não sei.

é isso que assusta. não saber. porque enquanto se souber vai sempre saber,
nem que seja a um sabor amargo qualquer.

é por isso que gosto.

mesmo sem conseguir respirar.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

esta é a manhã depois da noite anterior

raios de sol
atravessados no cérebro
e no peito
aberto

tranquilidade
sem arrependimento
fidelidade
sem impotência

sorrisos
cúmplices
em olhares
cruzados

pele escura
na pele clara
pele clara
na pele escura

não importa.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

não consigo

não consigo
outra
outra
vez

outra
outra
vez
o mesmo

dedo
em cima
nada
mais

não consigo
outra
outra
vez

outra
vez
outra
não consigo

nada
mais
em cima
outra vez

não consigo
ontem
como
antes

não consigo
não sei
se quero
ou não quero

não consigo
quero
não quero
não consigo

terça-feira, 19 de maio de 2009

sem título

espaços
em branco,
preenchidos
por nada.

não me lembro,
não quero
sentir,
sequer.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

uma velha de preto

uma velha de preto sentada
à sombra de pernas e mãos
fechadas, espera.
espero.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

cortinas semi-abertas

espreito
esperto
desperto.

costas,
nádegas
e ancas.

controlo
o quê,
quando.

descontrolado,
temo
e tremo.

não venho.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

uma verdade mentida

sem som. sem luz. só um sentimento
de amargura na boca doce vazia de
sabor autêntico. entre ontem e hoje
um cheiro nauseabundo persegue-me.
corpos mortos abandonados sem
importância. lençóis marcados e manchados
pelo sangue, sem suor e sem lágrimas.
não me lembro.
não consigo.
vergonha.

quinta-feira, 26 de março de 2009

uma mentira de verdade

uma onomatopeia não pára de
me atormentar o cérebro desocupado
pelas histórias de ontem e pelo
ar rarefeito e desesperado por
um novo vento novo que o leve de
volta para onde
devia ter desaparecido.

segunda-feira, 9 de março de 2009

auto-pressão

auto-pressão.
dúvidas,
duvido
de certeza.

peito
minúsculo
cérebro
cheio.

minúsculo
cérebro.
peito
vazio,

angústia
maior
odor,
dor.

auto-pressão.
dúvidas,
duvido
de certeza.

peito
cheio
cérebro
minúsculo.

destruído
há horas,
vivido
agora.

angústia
sem pressão,
dor
maior.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

meio descalabro

limiar
esticado
em bolas de fogo
apagada.

a árvore
do casamento
aqui (vinte e dois anos) depois
e agora.

lápis
gigante
de bico
partido.

perspectiva
esticada
ao máximo
suportável.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

a cidade ao fundo

luz,
som,
cheiro,
sabor
sem tocar.

sorrisos
sentidos.

velharias
antigas
novas,
no ar
sem chão.

sentidos
sorrisos.

cérebro
aberto,
de peito
feito
fechado.

aberto.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

“o imperfeito não participa do passado”

passado
perfeito
participa
no presente
imperfeito
sem futuro
condicional
possível.

tempos errados.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

querer

poder.
deixar.
de
ser.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

fechado à chave

uma gaveta fechada pede para ser aberta.
uma gaveta aberta pede para ser fechada.