sexta-feira, 18 de julho de 2008

sem título

moído,
com um Sol imenso que me encandeia.

muito,
duma vez só.

as nuvens perseguem-me
e sussurram: vem...

frágil, recolho-me,
com um sorriso nos lábios.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

sem título

não existe pavio
existem noites sem dormir
com dias estranhos.

não existe primeiro,
não existe último
não sei sequer se existe.

não existe ausência,
não existe presença,
existe medo.

manhãs,
tardes,
noites.

dias e horas
secos,
com a cara molhada.

não há pulmões que resistam.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

dois dias depois

calo-me.
triste,
sorrio
e calo-me.

calado.
tristemente
alegre
e calado.

calo-me.
ausente,
sem calor
e calo-me.

calado.
um espaço em branco,
escuro
e calado.

calo-me.
entrego-me,
sem estar
e calo-me.


de certeza.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

"nos teus braços morreríamos"

noites quentes
feitas de cor de fogo
e sangue
e lua cheia.

sem dúvidas,
só acções
e gozo
e dor.

quente
como o frio
que me queima
o oxigénio.

sem números
com letras
caladas,
e fumo.

terra
sem rimas
entorpecidas
pelo cansaço.

sem sorrisos,
sem expressão
expressada
na respiração ofegante.

terça-feira, 1 de julho de 2008

uma pétala laranja

um fio que estanca
uma flor na escarpa,
o fogo que escapa
duma foda esculpida.

calendários
de anos passados,
em fuga,
vermelhos.

quatro tempos,
perdidos
em pesadelos
de ontem.

na pedra
não há dias.
no ar
há desespero.